quinta-feira, julho 20, 2006

Moro em Rondônia há 23 anos. Cheguei ainda jovem com meu saudoso pai Francisco Andreoli.Era época da ditadura militar e na gíria atual, a “chapa esquentou” para meu pai em São José dos Campos. De ônibus em ônibus, chegamos ao final da ligação terrestre possível na época. Grande Eucatur.


Voltando no tempo – Morei em Botucatu. Com 15 anos já participava da cena política. Eu e meu amigo João Lambreta (ainda vivo) rodávamos num mimeografo, cartas abertas à população do Centro Acadêmico Pirajá da Silva, da Faculdade de Medicina da Unesp. O contrato de prestação de serviço do João com os estudantes, incluía a distribuição de porta em porta nas casas da cidade. Madrugadas de frio e adrenalina.

Quando terminei o colegial fui fazer cursinho (inicio do Objetivo) na cidade onde meu pai morava (SJC). O velho era político atuante da oposição ao regime, filiado ao extinto MDB ( Alias, nada a ver com o PMDB de hoje, recheado de corruptos). Chicão Andreoli tinha ligações com o Movimento Revolucionário 8 de outubro (data da prisão de Tchê na Bolívia). Entrei na nova concepção do movimento. O objetivo era acabar com o silêncio dos meios de comunicação.


Após ter tirado alguns finais de semana de instrução na Serra da Mantiqueira, próximo de Campos de Jordão, aprendi ofícios necessários para a luta contra a ditadura (até então só espingardinha de pressão). Não existia mais a luta armada, mas era necessário saber de tudo um pouco.

Meu primeiro desafio, infiltrar na TFP – Tradição, Família e Propriedade, ala da igreja católica de extrema direita. Sou de família evangélica, mas não tive dificuldade de participar de reuniões de aliciamento que os seguidores de Plínio Corrêa faziam na região.

De óculos quadrados, calças consideradas “jecas” (nada de jeans), cabelo cortado a la Mariner, com total aversão contra os vermelhos. Ficou boa a caracterização. Minha primeira missão de sucesso, trouxe informações preciosas para a célula


Comecei a gostar da coisa. Nada de leituras enfadonhas de tratados e pensamentos de nobres Soviets. Era pura ação. Fui morar numa república com três estudantes de engenharia. O pessoal fazia de tudo, menos pegar em livros e estudar. Na casa fiquei encarregado de distribuir o jornal A Voz da Unidade, publicação semanal do PCB ( Partido Comunista Brasileiro “Voz da Unidade”. Entregava em algumas bancas e centrais de estudantes nas faculdades da região (Odonto , Direito – SJC, Unitau – Taubaté). Nenhuma banca de jornal que eu assistia foi explodida pelos “milicos”, caçadores de comunistas subversivos. Risos.


Fatos ainda não publicáveis, fizeram meu pai e eu pegarmos a estrada.Assim cheguei aqui, cidade que amo. Muitas coisas aconteceram nestas duas décadas. Mas esta é outra história, ainda em construção.

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