terça-feira, agosto 22, 2006

RELATÓRIO

A publicação do relatório da Polícia Federal promete muita dor de cabeça.
Fazer o que. Fizemos o que consideramos justo. Se todos os grandes veículos do país ( Rede Globo, Bandeirantes, Rádio Jovem Pan, Jornal Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo) publicaram e levaram ao ar, trechos do relatório, porque um pequeno jornal do interior do Brasil não pode?

Sei que a corda estoura do lado mais fraco. Então, vamos ver com quantos pesos e medidas se faz justiça em Rondônia.


ONDE ESTAVA?

Alguns leitores cobraram a parada de atualização do blog. Peço desculpas aos que me lêem. Passei o final de semana e segunda-feira lendo o relatório da Polícia Federal sobre a operação dominó. Queria entender o que se passava em Rondônia. Todo cidadão de Rondônia devia ler o documento.

ESQUELETO

Para uma melhor assimilação do conteúdo do relatório é conveniente usar um marca texto e fazer um esqueleto das informações ali descritas. O cruzamento de dados contidos no calhamaço de 653 paginas, dá para se ter uma noção geral (em alguns casos detalhada) de como funcionava o esquema.

PERSONAGENS

Com a participação efetiva de alguns personagens “tradicionais”, nativos deste estado, chega-se a conclusão que o grupo político dominante do estado não age, nem troca favores de hoje. É coisa antiga. Vem da segunda legislatura da ALE/RO pra cá. Aquela história de que são os que vieram de fora que roubam os cofres públicos é meia conversa.

ESTADOS

Este tipo de feudo político não é nossa exclusividade. Todos os pequenos Estados da federação devem ter seus dominós atuando em cadeia (desculpe o trocadilho).

No vizinho Acre, pode-se também grampear os telefones das autoridades e veja o que vai dar. Não é diferente.

Lá existe um presidente de assembléia que está a oito anos na chefia da casa de leis. Com certeza, pelo menos a democracia e sua alternância de poder não existem na ALE das terras de Galvez e Plácido de Castro.

VAZAMENTO

O grande problema encontrado pela Policia Federal na condução dos trabalhos é que as decisões tomadas para se fazer justiça contra os que descaradamente roubavam o suor do rondoniense, vazavam para a quadrilha.

Quando as solicitações da PF chegavam ao MPE e TJ/RO em segredo de justiça, o conteúdo da linha de investigação ia rapidamente para os envolvidos e advogados ( particulares e administrativos).

INQUÉRITOS

A operação Dominó não foi em razão dos 11 inquéritos que apuram os desvios de conduta na casa de leis. Ela é fruto de uma ação enérgica do Ministério da Justiça para se restabelecer a ordem no Estado.

Os inquéritos continuam. Agora sem interferência dos envolvidos. Apenas 3 foram conclusos, faltam oito. Muita água ainda vai rolar no Madeirão.

Um dos trabalhos mais difíceis no caso de crimes do colarinho branco é reaver para os cofres públicos o produto do butim. A vantagem neste caso (ALE/RO) é que os integrantes tinham tanta certeza da impunidade que deixaram rastros financeiros palpáveis e visíveis. Muita gente boa que cresceu com a grana do povão na hora certa vai ser chamada a prestar contas e devolver o produto de roubo. Não são diferentes de um receptador de televisão, bicicleta e outros furtos mais comuns.


PRISÃO NÃO SE ANUNCIA NA VÉSPERA


Prisões não estão descartadas no andamento das investigações dos oito processos restantes. Quem não colaborar, tentar impedir ou atrapalhar o trabalho investigativo da PF pode tirar umas férias forçadas. Tentativas de se “queimar arquivos” também podem levar “homens de bem” á cadeia.


JUSTIÇA SOBERANA

Acredito na justiça rondoniense. São pessoas íntegras que vivem a magistratura na sua mais plena observância. Não tenho duvidas de que alguns de seus membros foram coaptados pela quadrilha.

No relatório, percebe-se claramente que Carlão de Oliveira e seu irmão fizeram um processo de aproximação do desembargador Sebastião Chaves.

Tudo pensado e planejado. A tramóia de desvincular o salário dos magistrados de uma lei federal e passa-la para âmbito estadual, deixando-os com seus aumentos de salários nas mãos de deputados estaduais foi o primeiro passo.

Depois vem a aproximação. Sórdida, coisa de profissional. O desembargador deixou-se levar.

Auxiliares do presidente executaram as ordens de um superior. Muitos juízes citados no relatório não sabiam que Sebastião também fazia o jogo duplo. Apenas se reportavam ao presidente da casa que trabalhavam.

QUEM SABE FAZ A HORA

O judiciário deve retomar as rédeas de sua autonomia. A dureza da lei deve ser aplicada aos membros da quadrilha que achincalharam a imagem da instituição. Na parcela mais simples da população paira duvidas sobre a idoneidade da justiça.


MONOGRAFIA

Um acadêmico de direito disse que vai preparar sua monografia de colação de grau sobre a operação dominó e seus desdobramentos. O rapaz está no quinto período. Tem tempo para pesquisar e ver no que vai dar o processo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Paulo,
Estou curioso...
Acho que vc que leu o relatório da PF podeme responder: Porque nehum (eu disse nenhum mesmo) órgão de imprensa em Rondônia fez referência ao fato do "grupo" (ou seria organização crimonosa?) da ALE ter feito planos para lançar um candidato ao governo do estado e que Ronilton Capixaba sugeria a Carlão de Olveira que, caso Acir não topasse ser candidato ao governo, deveriam lançar Carlinhos Camurça...
Saliente-se que, de acordo com as 'alianças' constituídas para o governo do Estado, o 'grupo' da ALE realmente está bastante unido e acatou direitinho a sugestão de Ronilton Capixaba....