sábado, agosto 05, 2006

SEMIÓTICA

Depois de ver o desenrolar da operação Dominó em que não ficaram pedra e colunas em pé no estado. Depois de ver poderosos, presos e algemados por desviar dinheiro público (dinheiro nosso, grana de se fazer escolas, estradas, hospital, nem que seja para dar em forma de comida para o povo, dinheiro do povo).

Depois der ver a população alegre nas ruas, escolas, padarias, respirando aliviada, como se um grande peso, uma nuvem negra que pairava sobre este estado tivesse evaporado. Depois de ralar o dia todo na porta de uma delegacia e ver advogados chegarem as dezenas, prontos para defenderem seus clientes.


Depois de ver tudo isso, na minha cabeça só uma frase exprime o que senti.
Sem medo de estar usando o nome do pai em vão, grito de peito aberto - DEUS SEJA LOUVADO!!!

SEMIÓTICA 2

Em frente à sede da Polícia Federal, durante todo o dia de ontem, uma romaria de candidatos e políticos com mandato (municipais lógico, os estaduais estavam recebendo a visita dos federais em casa) deram uma passadinha para espiar “in loco” a situação na porta da cadeia dos “federales”( Podendo ficar em casa na internet, no ar condicionado, no Rondoniaovivo de preferência).

Alguns paravam e iam até o pátio, onde estavam os jornalistas. Outros desciam do carro, mas se limitavam a chegar só até o portão. (Uma barreira invisível, impedia a entrada).

Outros de carro, só davam uma paradinha e de motor ligado, espiava e rapidamente acelerava de novo. Cada um sabe onde aperta o calo.

SEMES

Se uma operação devassa fosse realizada na Semes – secretaria de esportes da capital, teríamos mais um dia de grandes matérias.

Já denunciamos a secretaria. Fizemos a nossa parte. Se nada aconteceu, só o corporativismo e os acordos políticos explicam (o corporativismo político mal usado leva a formação de quadrilhas - vide Dominó).

Pra finalizar, ainda não publicaram nosso direito de resposta no site da prefeitura, que numa matéria feita nas coxas pela Ascom, acusou eu e meu companheiro de trabalho, jornalista Marcos Souza de ladrões de documentos.

Já se passaram mais de 40 dias da sacanagem. Segunda-feira de manhã, entramos com pedido judicial para reparar o dano. Os ladrões não somos nós.

Do mais, se houver uma operação na Semes, podem contar comigo. Estarei na porta para reportar os fatos. (O Marcos disse aqui do lado que também não perde esta cobertura por nada neste planeta).

PROFISSIONALISMO

Estudei quatro anos para começar exercer a profissão de jornalista. Estou aprendendo mais com o dia a dia da redação. Tive bons professores. Muito obrigado a todos.

Não emito opiniões em reportagem factuais. Só nesse blog.

Durante a cobertura na porta da Polícia Federal, dezenas de populares se misturaram com os repórteres. Muitos aproveitavam a chegada de presos para exprimir sua indignação.

Durante a produção do vídeo da chegada do presidente da Assembléia Legislativa na sede da superintendência da PF, enquanto eu gravava as cenas, uma pessoa falou ao meu lado uma frase que ficou registrada no áudio do vídeo (Voz contida, falada para dentro, parecia estar com medo – bendita semiótica).

Alguns amigos me questionaram se seria eu quem tinha falado aquilo.

Não fui eu rapaziada, aprendi a lição de casa direito na “Facu”.

Quanto mais quieto você ficar, sem exprimir posição de lados, sem emitir opinião e comentários desnecessários, usando do maior tesouro do ser humano (a boa educação), sem se movimentar estabanadamente no local da ocorrência parecendo um pavão, você pode até ficar invisível na percepção de quem está sendo registrado. Diz o mestre.

AH, a frase que disseram foi, “Ladrão, safado”.


ANA, NANÁ, CHICÃO, AMELINHA

Minha sobrinha, Ana Júlia Andreoli faz um ano hoje (sábado). Tio coruja, ela é lindaaaaaa!!!!!

Estou de viagem marcada para Ji-Paraná. Estou fazendo o possível para não faltar ao compromisso.

“Mana, me perdoe se eu não conseguir chegar a tempo de ver o início da festa. Estou todo enrolado aqui. Pra variar, rsrsrsrsrsrsrsrsr.

Ligo quando estiver passando por Ouro Preto para me pegarem na Rodoviária. Como sempre, vou de Eucatur.”


BANZO

Hoje em dia, ir para Ji-Paraná me deixa meio estranho. Sensação de alegria e tristeza juntas.

Parte da familia ainda reside na cidade depois da tragédia que se abateu sobre todos nós, com o assassinato de nosso honrado pai, Francisco Andreoli.

Fico feliz em visitá-los e ver que continuam todos saudáveis, trabalhando com muita vontade, (exemplo dado pelo pai para todos os filhos, o “Véio” era um trator para trabalhar)

Saudade - Sua biblioteca encaixotada, seu retrato ainda moço na parede, seus discos de vinil de opéra, seus quadros, suas caneta tinteiro na escrivaninha, o papagaio que ainda canta e chama seu nome.

"Você faz muita falta meu amigo, meu companheiro de grandes aventuras".

HOMENAGEM


“Pai, ficou mais em mim do que simplesmente seu código genético (matéria/carne), ficou mais... Faço minhas as suas palavras”

Publico abaixo um poema de Francisco Andreoli, meu pai.

EU QUERO VIVER

Eu quero assumir
a lira do meu tempo
Deste tempo prenúncio,
Deste tempo-relógio
que marca o espaço
de uma nova era.

Eu quero ser o bardo inquebrantável
das canções malucas
dos independentes.

Eu quero ser talvez.
Só um poeta-louco
que registra em canto rouco
de voz entorpecida,
a decadência de uma civilização
apodrecida,

quero gravar os gemidos
dos massacrados
Pela mão repressiva
das consciências mortas.

Quero livres as asas
enfunando aos ventos do futuro
alçando o vôo das aves rejeitadas.

Somando ao bando
Dos malucos patos,
andarinhos,
meu grito envelhecido

E a força que transforma,
Que agita as mentes livres
Levará meu som abafado,
Meu brado de protesto impotente.

Ah, eu quero viver
Só pra ver.
Eu quero viver!


Por - Francisco Andreoli
1941 + 2004

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